“E
queimá-lo-a o sacerdote sobre o altar, sobre a lenha, sobre o fogo.
Num Holocausto, numa oferenda encendida, cheiro de suavidade para o
Senhor”
(Levítico 1:16-17)
Dois
anos após a Shoá, Alemanha foi novamente recebida como respeitável
membro da comunidade internacional. Resulta politicamente incorreto
dizer que Alemanha é uma nação de criminais -mas as enquisas
amosam com terquedade que um 25% dos seus cidadãos, como mínimo,
albergam sentimentos ánti-semitas.
Dois
anos após a Shoá, Inglaterra votou contra o estabelecimento dum
Estado judeu, e os EEUU abstiveram-se na votação das Nações
Unidas.
Israel
sofreu inumeráveis embargos de armas (que, curiosamente os árabes
jamais, padeceram). Como resultado direto das sanções impostas, as
baixas israelitas durante a Guerra de Independência chegaram ao 7%
da sua população.
Governo
nenhum ou meio de comunicação europeu exprimiu o menor reparo pelo
facto dos árabes terem assassinado e mutilado mais judeus durante os
anos posteriores aos Acordos de Oslo (1993) que em todo o transcurso
da Guerra do Yom Kippur.
Marton
Gÿongÿosi, sinistro líder do emergente partido razista Melhor
Hungria, vem de solicitar que se configure uma lista negra de judeus.
Similares chamamentos faz a cotio o partido Ataka em Bulgária, Novo
Amanhecer grego ou os camisas pardas do partido sueco
Sverigedemokraterna, entre dúzias de formações que desinibidamente
ouveam a sua mensagem de ódio por todas as esquinas da velha Europa.
Numa
enlouquecida aposta por não ser menos, AGE, a formação populista
encabeçada por Xosé Manuel Beiras, que obteve para vergonha de quem
os votaram nove escanos nas derradeiras eleições galegas, fez
bandeira da sua negativa a condear em sé parlamentária o extermínio
de seis milhões de judeus. Secundados pelos restos mais putrefactos
do BNG. Não contentes, nestes dias AGE chama ao boicot contra a
cantante vencelhada à esquerda pacifista israelita, Noa, pelo
delicto de ser judia, questionando a sua limpeza de sangue e emulando
a denúncia de “fedor judaico”, que nos mais escuros anos do
franquismo protagonizara o benquerido mestre de Beiras, Vicente
Risco.
A
velha besta obsessionada com a destrucção dos judeus, de maneira
sistemática e crônica, emerge nos rescoldos das lapas nestes dias
de opróbio. Os assassinatos en massa dos cruzados caminho de
Jerusalém, a Santa Inquisição, os progromos russos e na Ucrânia,
a Shoá, são apenas alguns exemplos duma civilização tercamente
juramentada em designar um “outro” carente de atributos humanos,
investida duma criminal legitimidade para o saqueo, a violação e a
massacre a vontade.
Se outrora os judeus
usavam o sangue das crianças cristãs para os seus escuros
aquelarres, hoje o libelo sacrificial é o sangue do fitício ente
palestiniano.
Poucos ministros de
exteriores mais moderados teve o Estado judeu que Abba Eban. Ele
denominou com acerto as linhas israelitas anteriores a 1967 “as
fronteiras de Auschwitz”.
A charcutaria industrial
que leva meses desenvolvendo-se em Síria, o Estado de terror
medieval implantado em Gaza, a ameaça certa dum armagedon nuclear
promovida pelo regime dos paranoicos ayatolás, não ocupam nem a
enésima parte do feroz despregue mediático que suscita qualquer
mínimo incidente ou a tímida réplica do Estado hebreu ante o
permanente ataque com mísseis contra as suas povoações no sul do
país.
E alguns, mais uma vez,
semelham conjurados com a única obsessão de cingir o Estado de
Israel dentro das fronteiras do Holocausto.
* escritor e socio de AGAI
* escritor e socio de AGAI