13/04/09

Entrevista co Embaixador de Israel en Portugal




"O Goberno de Israel respeta os acordos de paz xa asinados"

En entrevista ao Diário de Noticias (10.04.09), Ehud Gol, embaixador de Israel en Lisboa, desmistifica calquer hipótese de crise entre o Executivo de Netanyau e a Administración de Barack Obama. O embaixador de Israel en Lisboa recusa a idea dunha eventual crise entre o seu país e Washington, ao mesmo tempo que apela á comunidade internacional para axudar a presionar a Irán de forma a que este non se dote da arma nuclear.
De seguido podes ler a entrevista íntegra:
******************************
Fonte do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu diz que, em termos de processo de paz, o Governo está disposto a trabalhar com os EUA mas o ministro do Ambiente, Gilad Erdan, afirmou que Israel não recebe ordens dos EUA. Está o Governo a falar a duas vozes?
Só temos um primeiro-ministro, que está no poder há pouco mais de uma semana. E, no início, há ministros que fazem declarações para se afirmarem na cena política israelita. Mas posso garantir que é o primeiro-ministro quem toma as decisões e que, no futuro, cada ministro apenas fará declarações que se relacionam com a pasta que chefia.
De qualquer modo a declaração do ministro foi muito forte...
Acredito que os EUA entendem que Erdan é apenas o ministro do Ambiente e que lhe dão a importância adequada.
Não há o perigo de uma crise com os EUA?
Não; absolutamente. Não é a primeira vez nem será a última que o ministro do Ambiente, ou de qualquer outra pasta, fará declarações desse tipo mas ninguém dá importância.
O Presidente Barack Obama, no discurso que fez na Turquia, insistiu na solução dos dois estados (Israel e Palestina) como forma de pôr termo ao conflito entre os dois povos. Qual a opção de Netanyahu?
O Governo israelita está empenhado em respeitar todos os acordos que foram assinados pelos anteriores executivos. É o que acontece em todos os países democráticos e não vamos criar novas regras. Estamos comprometidos com o Roteiro para a Paz, documento que é muito claro
na sequência do passos a dar em termos negociais e na posição face ao terrorismo. O Roteiro para a Paz fala especificamente do fim do terrorismo mas este ainda não acabou.
Como vai 'Bibi' lidar com o terrorismo? Vai responsabilizar, como antes, o presidente da Autoridade Palestiniana (AP)?
O que precisamos é que o presidente palestiniano faça 100% de esforços para acabar com o terrorismo; não lhe podemos exigir que tenha 100% de resultados. O mesmo acontece connosco: Netanyahu não tem a ilusão de que pode acabar a 100% com o terrorismo. Sabemos que é impossível; já o sabíamos quando iniciamos a operação contra Gaza.
Em sua opinião como se pode solucionar o problema de Gaza?
Sendo muito, muito claros na oposição ao Hamas. A mais pequena insinuação de que 'temos de falar com o Hamas, temos de tê-lo em consideração', encoraja o terrorismo e não ajuda o processo de paz. O diálogo com o Hamas só pode acontecer quando, como fez a Fatah [de Yasser Arafat], se convencer que não pode destruir Israel e retirar essa cláusula da sua Carta.
Segundo jornais israelitas, para Netanyahu impedir o Irão de se dotar da bomba nuclear é uma missão quase religiosa...
Esse problema não é só israelita. O Irão é um risco maior para toda a civilização ocidental; quer destruir Israel, o mundo árabe moderado, a Europa, a América. Acredito se trabalharmos juntos podemos neutralizar a ameaça do Irão. E isso pode ser feito através da via diplomática, de sanções económicas, em várias etapas, não tem necessariamente que ser através da solução militar.
Avigdor Liberman, o novo ministro dos Negócios Estrangeiros, está a ser interrogado por corrupção. O que acontecerá se for considerado culpado?
Terá de deixar o poder. Isto é algo de que nos orgulhamos. No nosso país, toda a gente é igual perante a lei - quer seja primeiro-ministro ou presidente. Por vezes, e porque são políticos, pagam um preço mais alto do que o comum dos mortais. Não toleramos erros à pessoa mais simples e à mais poderosa. Foi um erro adiar [o processo de investigação], devíamos ter actuado antes e não esperar por agora que é MNE.
Qual a decisão mais difícil que espera o Governo de Israel?
O processo de paz. Queremos a paz mas não a qualquer preço. Nunca colocaremos a nossa sobrevivência em risco.